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Ricardo Andrade – Comissário de Bordo
Ricardo Andrade
Comissário de Bordo

Opinião de Ricardo Andrade

Voltar aos velhos tempos!

9 de junho de 2025
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Eleições atrás de eleições. Sondagens a subir e a descer vertiginosamente. Notícias a correr atrás de audiências. “Tracking polls” a falhar mais do que uma vez. Promessas e mais promessas. “Soundbytes” ao invés de propostas fundamentadas. Lutas de números para evitar debates de ideias. Planos mirabolantes vendidos como se fossem projectos credíveis. Política de “reality show” ao invés da “real politik”. Alimentar de ódios para fazer subir votações. Retrocessos civilizacionais mascarados da cura para todos os males.
Tudo isto e muito mais poderia resumir os últimos meses na política nacional e internacional. Tudo isto enquanto assistimos calados sem mostrarmos o que queremos e o que valemos. Tudo isto sem que consigamos mudar o nosso destino.
Olhamos para o acessório e pensamos que é o essencial. Convencemo-nos de que não temos a força que verdadeiramente temos. Acreditamos que somos cordeiros e não lobos.
É como se caíssemos num ciclo vicioso sem que tentássemos sair dele.
Ouvimos discutir o sexo dos anjos como se nos preocupássemos com isso e não gritamos bem alto que não queremos saber da poeira que nos atiram para os olhos.
Mas a verdade é que cabe a nós, ao eleitor, mudar as coisas. Cabe-nos vencer a tentação fácil de cair na revolta vazia e voltar ao essencial.
Sim, podemos mudar o estado das coisas.
Sim, podemos abalar o sistema mas não da forma que quem nos tenta manipular mais deseja.
Sim, podemos olhar para os tempos em que acreditávamos em algo e essa confiança não era defraudada.
Não, não estamos destinados a sermos enganados.
Não, não temos que sair sempre a perder.
E agora, mais do que nunca, não podemos ficar em casa. E agora, mais do que nunca, temos de ser nós aproveitar a oportunidade que nos é dada para escolher os melhores e não aqueles que falam mais bonito ou que gritam mais alto. E agora, mais do que nunca, temos que voltar a acreditar nas instituições e a saltarmos em sua defesa.
Os bons ainda existem. Os confiáveis não são uma espécie em vias de extinção. E estar de fora não é o caminho para quem tem o maior poder de todos.
Por isso temos mesmo que vencer a inércia e voltar aos tempos em que ler os programas era essencial para tomar uma decisão, em que saber em quem votamos era importante, em que os escolhidos tinham que ser merecedores dos nossos princípios e dos nossos ideais.
Assim, os bons velhos tempos podem voltar.

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