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João Alexandre – Músico e Autor
João Alexandre
Músico e Autor

Ninho de Cucos

Festivais de Verão - O joio e o trigo

4 de setembro de 2022
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Portugal da pós-pandemia contará com largas dezenas de Festivais de música no Verão. Existe talvez uma espécie de top ten no que a espetadores, orçamento do cartaz, estrutura e potencial internacional diz respeito. Não necessariamente acompanhado na qualidade da prestação de serviço oferecido mas indubitavelmente, aqueles que mexem com o grande público. Mas, para percebermos o que de bom e menos bom pode acontecer nestes eventos tomemos como exemplo dois festivais realizados no mesmo fim de semana em Agosto e no caso, ambos direcionados para a musica portuguesa ou de expressão portuguesa, a prometer diversidade de estilos e cartazes com alguns nomes sonantes e promessas mais ou menos evidentes.
Festival Sol da Caparica – Como o próprio nome indica este festival é realizado na Caparica, com o apoio da Câmara Municipal de Almada.
O ato de ir a um festival pressupõe o pagamento de um bilhete para ver bons concertos, em condições dignas e que possibilitem algum conforto para o espetador. Pelo menos é o que o passe de 75 eur para os 5 dias deveria ditar (o que convenhamos nem sequer é propriamente um valor exagerado)
Infelizmente as falhas foram tantas que se torna difícil de as listar, desde a abertura de portas do recinto, com atraso superior a uma hora, longas filas e os consequentes atrasos nos espetáculos que provocaram cancelamentos de vários concertos, à falta de condições técnicas, problemas no fornecimento de energia, falta de segurança e seguranças, de casas de banho, etc, etc, etc.
Para uma 7ª edição, não deveria nem poderia ser tão amador.
Festival Bons Sons – Realizado em Cem Soldos, com o apoio da Câmara Municipal de Tomar, sob o mote “Vem viver a aldeia”, passe geral de 60 euros para os 4 dias de espetáculos.
Nesta 11.ª edição, as ruas, as praças, os largos e as esquinas de Cem Soldos voltaram a ganhar uma nova vida e a população residente passou literalmente de 650 pessoas para 35.000 durante o evento.
11 edições, 15 anos, 1 aldeia em manifesto e mais de 50 atuações musicais muitíssimo diversificadas, entre concertos, live acts e DJ sets. Aconteceram vários concertos nas ruas de Cem Soldos, na igreja, ou nas escadas da D. Maria. E do palco para as ruas foram também as bandas programadas pela MPAGDP (Música Portuguesa A Gostar Dela Própria), ganhando uma dimensão mais autêntica e mais próxima das pessoas. Constaram ainda da programação as artes performativas, o cinema e momentos singulares, de generosidade e partilha, juntando artistas e público no mesmo espaço, sem a obrigatoriedade de palco físico.
Neste Festival o ambiente é cool e relaxado, os telemóveis não estão sempre no ar, as condições técnicas são boas e a aldeia há muito captou o espírito, anseia e sabe receber, entrosando-se perfeitamente no evento e proporcionando as condições físicas para o mesmo se desenrolar.
Como a partir de premissas semelhantes, dois eventos podem gerar tão distintos resultados e satisfação.

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