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Opinião
Rui Pinheiro – Sociólogo
Rui Pinheiro
Sociólogo

Fora do Carreiro

Observações ao correr do Verão

5 de agosto de 2023
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Talvez o título devesse ser ao correr das férias, mas o tema que queremos tratar justifica a invocação do Verão, época do ano dada a calores, ao que dizem, tendencialmente cada vez mais quentes. A Europa “torra” da Espanha à Croácia, proclamam as tv’s da gritaria e das excitações parolas. Portugal, nos seus proverbiais brandos costumes, nem por isso. Será espírito de contradição, os atrasos do costume ou apenas o anticiclone dos Açores ?
Como até ao momento os fogos de verão são poucos em Portugal, o governo prepara-se para se ufanar sobre a sua estratégia de luta ao fogo e às temperaturas elevadas, mal passe a ameaçadora época. Os órgãos de comunicação contorcem-se por falta de assunto e “motivo de reportagem” e, nas corporações de Bombeiros, tudo continua no seu indefinido rumo, uns anos mais na berlinda, outros anos, nem por isso.
Falando de Bombeiros deixemos um brevíssimo apuramento sobre o número de associados que têm algumas das nossas Associações de Bombeiros face à população residente (Censos 2021). É possível dizer que em Bucelas, apenas 17% dos residentes contribuem (pouco que seja) para os Bombeiros, em Loures os sócios dos Bombeiros locais correspondem a 18% da população e, em Sacavém, decrescem fortemente, para 12% os residentes na União de Freguesias que apoiam directamente os Bombeiros.
Com estes números, muito fica dito sobre o sentido comunitário e solidário actual, sobre as aprendizagens nas escolas e nas famílias, sobre a presença do sentido colectivo na vida de cada um, sobre a actuação de governos e autarcas municipais e de freguesia. Quando os órgãos de comunicação conseguirem incendiar de novo as conversas sobre incêndios de Verão, lá virão todas as teses sobre a problemática, mas provavelmente continuará a faltar o mínimo incontornável: o compromisso.
Uma nota europeia de desapontamento. Mais depressa chegam armas letais a Kiev, que chegam aviões a autotanques a Atenas, Drubovnik, Roma e Sicilia. A Ancara, dizem as notícias, chegaram aviões contra incêndios… russos. Devemos estar felizes por a vaga de calor estar a passar ao lado, mas tenha-se presente que nada está a ser feito ano após ano. Não se trata da floresta, não se mitigam os efeitos das alterações climáticas, não se povoa o território, não se apoiam e habilitam melhor os bombeiros. Só progride o sumarento negócio de alugueres de aeronaves. Votos de um Verão tranquilo!

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