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Rui Pinheiro – Sociólogo
Rui Pinheiro
Sociólogo

Fora do Carreiro

ENRAIZAMENTO DA CARIDADE?

9 de janeiro de 2023
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Vejo, não sem espanto, que nesta segunda década do século XX a União Europeia (EU) e os governos europeus vão adoptando a caridade como políticas oficiais e primordiais para manter a funcionar o sistema, sem rupturas dramaticamente aceleradas pelas conjunturas, que esses mesmos governos e essa federalização europeia em curso, promovem.
Portugal, não só não foge à regra, como tem um Presidente da República e um governo que escolhem a caridade como montra para se mostrarem e papaguearem feitos e supostos objectivos de grande nobreza. Marcelo Rebelo de Sousa deleita-se em mostrar-se às televisões, por tudo e por nada, mas ganha cor e ânimo quando é visto a palrar sobre os sem-abrigo de Lisboa (coisa que não teve ainda qualquer consequência prática) ou rodeado de voluntários do Banco Alimentar contra a Fome, ano após ano (sem que se reduzam os famintos).
O governo e os comissários europeus tremulam de perverso prazer a anunciar “apoios extraordinários”, “subsídios” e “ajudas”, a propósito de qualquer pretexto que seja. Da chuva ao vento, da seca ao granizo, da agricultura às pescas, da energia ao desemprego. Aconteça o que acontecer, a expectativa induzida nos povos europeus é que para qualquer ocorrência haja um subsídio, um apoiozito, porque é “melhor qualquer coisa que nada…”, diz-se.
Em vez de políticas de desenvolvimento sustentáveis, ao invés de salários justos, ao contrário de condições de vida equilibradas e harmoniosas, a UE monta teias com o propósito de a todos manter reféns das suas diatribes políticas e económicas.
A maior evidência de que o objectivo é o de que todos se habituem a uma qualquer dependência, foram recentemente os famosos “apoios extraordinários a titulares de rendimentos e de prestações sociais das famílias (de 125 euros), jovens e crianças (de 50 euros), lançados no âmbito do programa Famílias Primeiro”. O pretexto foi a inflacção e a “crise energética”, mas podia ser outro.
As perguntas que se exigem são: 1) porque não resolvem os problemas e os agravam, para a seguir manobrarem apoios e subsídios como se de chantagens de gangsters se tratassem ? 2) Porque não dignificam as pessoas, os seus empregos, a vida comunitária e a economia e os recursos nacionais e nos querem, a quase todos de mão estendida ?

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