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Opinião
Rui Pinheiro – Sociólogo
Rui Pinheiro
Sociólogo

Fora do Carreiro

De modos que é assim…

3 de julho de 2022
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Para quem valoriza a capacidade de participação e organização dos cidadãos, quem, de facto e não por mero discurso de conveniência, reconhece e valoriza o envolvimento das pessoas na vida colectiva, pode sentir-se satisfeito com o papel que a Associação de Defesa do Ambiente de Loures, ADAL, tem vindo a desempenhar no Concelho e, em particular, em Sacavém.
Imagino que os factos possam contrariar e até contorcer alguns políticos impreparados, mas de modos que é assim: a ADAL reclamou junto da EPAL por medidas de conservação e classificação do Siphão do Alviela e as obras aconteceram. A ADAL reclamou junto da EPAL pelo péssimo aspecto da conduta que atravessa o Trancão entre o Siphão e a Ponte da EN10 e aparentemente está já a decorrer uma acção de manutenção.
Ou seja, parece ser possível, pela positiva, mediante argumentos racionais e demonstração de virtualidades, sensibilizar as instituições com responsabilidades para agirem e obter respostas. Evidentemente, tais acções deveriam, em primeiro lugar, ter origem e propulsão nos órgãos autárquicos locais, Junta e Assembleia de Freguesia. Como estes órgãos da Cidade se revelam muito pouco capazes de ter uma visão de Cidade e de agir por uma Cidade a sério, a ajuda do associativismo é uma benesse de cidadania que deve enaltecer-se e, quiçá, servir de exemplo.
Há muito mais por fazer. As entradas de Sacavém, seja pelo lado da Bobadela, pelo lado de Unhos, pelo lado da Portela e pelo lado do Parque das Nações são indignas de qualquer Cidade que se leve a sério a si própria e apresentam, desde logo, uma imagem desprestigiadora (feia, suja e má). Os espaços ribeirinhos estão desaproveitados - ocupados por barracões sem utilidade (uma verdadeira escola náutica merece outras condições e outra localização) -, restringidos excessivamente pelas vedações da EPAL e mal cuidados dentro dos cercados. A Estação do Caminho de Ferro carece de urgente dignificação e funcionalidade (é preciso dar condições aos cidadãos para utilizarem cada vez mais os transportes públicos). De modo que há muito mais por fazer e não será certamente missão de uma associação de defesa do ambiente e do património a envolver-se em matérias de responsabilidade autárquica e ministerial.
Estando dado o mote pelo associativismo, os órgãos autárquicos locais, em início de mandato, estão em posição privilegiada e de obrigação política, para agirem convenientemente e se deixarem de míseros calculismos políticos que dão muito discurso e pouca obra.

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