Anuncie connosco
Pub
Opinião
Rui Pinheiro – Sociólogo
Rui Pinheiro
Sociólogo

Fora do Carreiro

A lealdade é o brasão

4 de julho de 2021
Partilhar

Tive a felicidade de nascer em Sacavém e a subida honra de crescer Sacavenense. É provável que sejam aspectos - dessa vivência e dessa satisfação - que hoje digam muito pouco a muitos e muito a bem poucos. Será, talvez, admito eu, a marcha da vida, em rumos tortuosos, para destinos insondáveis.

Convoco para título uma expressão do hino do Sport Grupo Sacavenense por causa dos valores que lhe estão subjacentes e, designadamente, o valor da lealdade expresso, que me recordam gente de grande estatura humana, lutadora, empenhada, dedicada, respeitadora e leal que conheci na terra e no clube.

A Cidade, lamentavelmente, chegou a uma situação em que citando Baptista Bastos, assinalo “o egoísmo, a insensibilidade, a frieza de espírito, nascidos de um sistema que liquida os laços sociais de que a humanidade é fundamento, determinam e talvez expliquem este nosso amargo tempo”, o amargo tempo pelo qual passa, já há demasiado tempo, a terra.

Durante estes anos da transformação sociológica de Sacavém, muita água correu no Trancão, por debaixo do Siphão e nem sempre terá sido água limpa, revigorante, portadora de capacidade criadora e de vida.

Obriga-me a lealdade sacavenense a um ALERTA a todos para a teia em que a vida colectiva de Sacavém foi envolvida, que também tolheu e tolhe muitas vidas individuais.

Umas dessas vidas que preguiçosamente pretendem a tranquilidade de servirem a outros, a troco de ninharias, para nada terem de fazer por si próprios e, outras vidas, que se tornam reféns das suas miúdas ambições e se submetem a ditames de pequenos poderes e bafientas lógicas de grupo, para ensejarem ter – levados ao colo pela troca de favores – irrelevantes importâncias locais e por ventura algum empregozeco que a seita arranja ou umas prebendas que o erário público paga.

Não me cabe o papel de investigador e não integro nenhuma entidade de combate à corrupção. Apenas me move o dever de cidadania, a lealdade à terra natal.

Ao que apelo é ao juízo político e social do grupo e grupelhos associados que ano após ano vêm tecendo a teia que imobiliza a Cidade, lhe suga a energia, lhe destrói os valores, que lhe despreza a história, lhe silencia a voz e lhe indigna a existência.

Proponho singelamente a cada um, aos mais antigos em Sacavém, mas também aqueles que chegaram há menos tempo, que observem, perguntem e questionem, sobre o que se passa nas camadas intersticiais da vida da terra. Que não acreditem simploriamente em boatos, em intrigas e notícias falsas porque estas são, quase invariavelmente desencadeadas com o objectivo de proteger e perpetuar o bando que se tem apropriado, para objectivos pessoais, mascarados de partidários, da vida colectiva da terra.

A lealdade é o brasão que me invade o coração.

Última edição

Opinião