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Opinião
Rui Pinheiro – Sociólogo
Rui Pinheiro
Sociólogo

Fora do Carreiro

2017

7 de janeiro de 2017
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Será de bom tom, por esta altura, desejar um bom ano de 2017 e, já agora, desafiar para uma maior participação cívica, não se esperando que outros façam por nós, decidam por nós, escolham por nós. O ano de 2017 trará, no bojo, sobretudo, expectativas e esperanças, envoltas, ainda assim, num manto de justificada suspeição.

Se o quadro internacional está intensamente marcado por preocupações várias que vão da eleição de um alucinado Trump, à desagregação europeia e às várias frentes de guerra quentes e frias, o ascenso das direitas populistas e neo-fascistas por toda a Europa, são de molde a induzir inquietações substanciais, a quem quer que pense no tema durante 60 segundos.

Portugal, como sempre, ameaçado por eventuais ondas de choque das turbulências estrangeiras e as inefi- ciências e incompetências internas, com uns cubos de corrupção à mistura, aparenta ter optado, com alguma consistência, por um modelo – que há muito poderia ter escolhido – do tipo aldeia gaulesa. Ou seja, um país em contra-senso com os disparates europeus, a procurar retomar a sua soberania e auto-determinação, mas cercada por “mercados” invasores e uma vizinhança europeia afundada em políticas austeritárias e crescen- temente autoritárias, gerando simultaneamente rique- zas pornográficas e pobrezas chocantes.

A expectativa e a esperança fundam-se, então, num desejo de que a clarividência dos partidos da actual maioria se mantenha, resista e proporcione os resultados a que os portugueses aspiram, com cooperação, coragem e determinação. Prescindirem de se apoiarem mutuamente, em nome de uns quaisquer interesses circustanciais ou de grupo, ou por qualquer ilusão elei- toralista, pode significar um retrocesso político, econó- mico, social e cultural muito duro.

Localmente, 2017 trará – previsivelmente em Outubro – as eleições autárquicas, que se prestarão, antes, duran- te e depois, a inúmeras leituras, interpretações e narra- tivas de abrangência local, regional e nacional, de índole partidária e, em esfera praticamente autónoma desse registo, definirão quem, e com que projecto, assegurará o novo ciclo dos governos locais. Sublinho um aspecto em particular, sempre relevante para quaisquer eleições, mas crucial em eleições locais: quem se apresenta aos eleitores para governar e com que programa o faz.

Em Loures, aos poucos, vão sendo pressentidas as alternativas que se vão oferecer, quanto a potenciais principais protagonistas mas, para lá disso, a eleição por lista, como a vida tem demonstrado, requer equipas coerentes e com rumo, correspondendo a projectos colectivos confiáveis, mais do que somatórios de indi- víduos com projectos individuais e agendas próprias. Do mesmo modo, os programas para governação não poderão resumir-se a listagens de acções, desconexas, incoerentes, incertas, sem uma visão estratégica e um propósito maior.

O Município de Loures já não deve, nem pode voltar ao passado. Precisa arremeter-se defi- nitivamente ao futuro, mobilizando e envolvendo os munícipes, numa causa comum. Livre de qualquer compromisso, aguardarei com expec- tativa, os programas e as equipas, para decidir (ou não) da adesão ao projecto mais credível, sensato e consis- tente, se o houver. Para isso, prescindirei do lado da emoção e apostarei tudo na razão, mas não abdicarei de participar.

Este colunista escreve em concordância com o antigo acordo ortográfico.

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