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Opinião
Florbela Estevão – Arqueóloga e Museóloga
Florbela Estevão
Arqueóloga e Museóloga

Paisagens e Patrimónios

Sugestão para férias: visita ao Museu Municipal de Loures

8 de agosto de 2021
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O mês de agosto é por norma o período escolhido pela maioria dos portugueses para gozarem as tão desejadas e merecidas férias. Nestes tempos conturbados pela pandemia este mês inicia uma nova fase de menores restrições relativamente às medidas de confinamento, o que irá consentir uma maior mobilidade, e, consequentemente, promover visitas a outros locais como por exemplo os museus!

Como é conhecimento geral os museus são espaços de memória, mas também são cada vez mais lugares que visam promover uma interação com os seus públicos, espaços democratizantes, inclusivos e polifónicos, orientados para o diálogo crítico sobre os passados e os futuros. Nesta crónica e na próxima irei chamar atenção dos nossos leitores para os vários museus que existem em Loures, todos eles com uma programação diversificada e aliciante que poderá ser um plano a incluir nestes meses de verão. Aqui fica o convite!

O município de Loures possui um conjunto de espaços museológicos cada um deles direcionado para áreas de investigação mais específicas, mas que todos contribuem para a promoção do estudo, salvaguarda, divulgação da história local, com crescente participação de vários intervenientes como investigadores externos, instituições universitárias, outros museus, várias associações e muitos munícipes. Vou começar pelo museu mais antigo, o primeiro a ser inaugurado ainda na década de oitenta do século XX.

O Museu Municipal de Loures foi inaugurado em 1985, na Casa do Adro, edifício próximo da Igreja Matriz de Loures, museu esse que apresentava nessa altura dois núcleos temáticos principais: a Sala da República, marco importante na história nacional e local; e a Sala da Arqueologia, onde se expunham os testemunhos da ocupação humana deste território do paleolítico ao romano. Para além destas duas exposições de carácter mais permanente, havia também espaços destinados a exposições temporárias, onde se abordavam temáticas muito variadas relacionadas com as artes plásticas ou temas históricos.

Em 1998 o Museu Municipal de Loures deu um salto qualitativo e quantitativo, foi reinstalado num conjunto patrimonial de grande valia, a conhecida Quinta do Conventinho, local onde permanece. Esta mudança possibilitou a sua ampliação não só em espaços expositivos e de reservas, como também aumentou e diversificou a sua equipa técnica. As múltiplas exposições atestam o trabalho desenvolvido, assim como as várias publicações. Neste momento estão patentes duas exposições: Quando Nós Somos os Outros. Loures no caminho para a interculturalidade em Loures (inaugurada em 2018), e, No Caminho para a Interculturalidade. Desde quando? (inaugurada em 2019).

No acervo do museu em questão destacam-se duas coleções. A coleção de Arqueologia com artefactos provenientes de recolhas de superfície e de escavações de vários períodos, desde o paleolítico à época moderna; a coleção de Etnografia com peças de finais do século XIX até meados do século XX, que inclui têxteis e trajo, mobiliário, transportes, alfaias agrícolas, cestaria, latoaria, cerâmica e peças artesanais. Parte das reservas de Etnografia são visitáveis, onde podem observar alguns exemplares de alfaias agrícolas, transportes entre outros objetos.

Importa salientar que estando o museu instalado num antigo convento franciscano arrábido, o convento do Espírito Santo da Mealhada, construído em 1575, estamos também perante um local histórico, sendo possível conhecer, para além das interessantes exposições, outros espaços do antigo convento, como a capela do Espírito Santo, o magnífico claustro e todo o espaço verde com a sua flora e fauna, espaço esse que antigamente integrava a cerca do convento. Neste espaço exterior poderá fazer passeios ou usufruir da harmonia e beleza dos vários recantos, estando ao seu dispor um itinerário, havendo também um café/bar com esplanada que permitirá uma pausa reconfortante.

O Museu Municipal de Loures integra o Centro de Documentação Anselmo Braamcamp Freire especializado em história local, sítio aprazível para todos aqueles que queiram saber mais sobre o património e a história desta região, sejam pessoas comuns, sejam investigadores ou estudantes.

Importa, igualmente salientar, que na antiga sacristia está a funcionar o Centro de Interpretação da Rota do Memorial do Convento, uma vez que o Museu Municipal de Loures está integrado no circuito da dita rota, itinerário que atravessa o território de três municípios, Loures, Mafra e Lisboa. Neste local, o visitante pode explorar a história desta região no século XVIII de forma interativa, conhecendo um pouco mais desta zona e o contexto histórico da obra Memorial do Convento de José Saramago.

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