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Opinião
Florbela Estevão – Arqueóloga e Museóloga
Florbela Estevão
Arqueóloga e Museóloga

Paisagens e Patrimónios

O Museu de Cerâmica de Sacavém

5 de setembro de 2021
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Dando continuidade ao tema da crónica anterior e considerando que estamos numa fase de crescente desconfinamento sugiro aos nossos leitores uma visita aos vários museus municipais existentes no concelho de Loures. No mês anterior abordei o Museu Municipal de Loures instalado num conjunto patrimonial muito interessante, a Quinta do Conventinho, antigo convento franciscano arrábido, local que possui de um espaço verde privilegiado.

Outro espaço museológico igualmente aliciante é o Museu de Cerâmica de Sacavém, situado na cidade de Sacavém na urbanização do Real Forte. Como é do conhecimento geral, o museu e a urbanização foram construídos nos antigos terrenos onde antigamente se localizava a Fábrica de Loiça de Sacavém. Apesar do encerramento desta importante unidade industrial conhecida ao nível nacional e internacional, houve a preocupação de deixar uma memória, o forno 18 e, de construir ao seu redor um projeto museológico que promovesse não só a investigação, mas também a divulgação da fábrica em questão, bem como o património industrial do concelho. O novo museu abriu ao público a 7 de julho de 2000 e desde a sua abertura tem como principal objetivo promover o estudo da história e da produção da Fábrica de Loiça de Sacavém, do património industrial, como já mencionei acima, consolidando ao longo das suas duas décadas de existência uma rede de parcerias muito profícua. Pouco depois da sua abertura este museu foi distinguido com Prémio Luigi Micheletti em 2002, galardão europeu atribuído a museus inovadores no mundo da história contemporânea, da indústria e da ciência. Tem recebido ao longo dos anos vários prémios e menções da Associação Portuguesa de Museologia (APOM), como por exemplo, o Prémio Parceria em 2020.

No Museu de Cerâmica de Sacavém o público poderá visitar uma grande exposição no piso inferior intitulada “Fábrica de Loiça de Sacavém para uma história da faiança em Portugal”, que aborda a história da fábrica e a sua vasta produção ao longo de décadas, desde loiça de mesa, a revestimentos como os seus famosos azulejos, entre muitos outros produtos. No piso superior está patente outra exposição que resulta de uma colaboração entre este museu e a Direção Geral do Património Cultural denominada “Vivências Quotidianas do Convento de Cristo após a extinção da Ordem, através da cultura material e documental.”

Ainda no piso superior, não posso deixar de salientar o Centro de Documentação Manuel Joaquim Afonso responsável pela gestão da coleção documental do Museu, Arquivo das Fábricas de Loures, possuindo documentação única sobre o património industrial do concelho de Loures. No seu arquivo existe documentação sobre várias fábricas: Fábrica de Loiça de Sacavém, Fábrica de Papel da Abelheira, Fábrica Móveis Olaio, Fábrica Nacional de Margarina, Companhia Portuguesa de Trefilaria. O centro de documentação em questão disponibiliza uma biblioteca especializada em Artes, Cerâmica, Indústria, História Económica e Social.

Relativamente ao acervo deste museu municipal destacam-se dois núcleos fundamentais: peças de várias tipologias fabricadas no local; e materiais e utensílios usados na fabricação, abrangendo um período cronológico desde 1865 até aos anos 80 do século XX. Assim, nas suas reservas existem vários objetos de loiça doméstica, loiça decorativa, loiça de higiene/sanitária, cerâmica de revestimento, moldes de gesso e madeira, maquinaria, materiais de laboratório, instrumentos de trabalho. À semelhança de todos os museus municipais, o Museu de Cerâmica de Sacavém disponibiliza uma programação cultural anual muito diversificada, destinada ao público em geral, mas também direcionada para os mais jovens e para as famílias. Aos interessados recomendo consultarem a sua programação. Se ainda não conhece este museu, aproveite os últimos dias de férias para o visitar!

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