Anuncie connosco
Pub
Opinião
Convidados –
Convidados

Alexandra Bordalo Gonçalves (Advogada) & Rui Rego (Advogado)

Stilettos e Sonhos

9 de julho de 2018
Partilhar

Não vamos falar de moda, de saltos vertiginosos ou esculturais, com mais ou menos arrebiques, nem, tão pouco, de sonhos de consumo.

Falaremos sim de conflito de direitos, de respeito e de viver com os outros.

O Tribunal da Relação de Lisboa, decidiu condenar a condómina que decidia aspirar a casa ao raiar do Sol, que usava saltos barulhentos dentro de casa, os quais acordavam e infernizavam a vida dos vizinhos.

Fê-lo por se encontrar demonstrado que o fazia deliberadamente, não usando de qualquer cuidado ou consideração por quem vivia à sua volta. Ora, isto conduz-nos ao dia a dia de tantas famílias e de tantas casas, qual a justa medida da liberdade individual e do respeito por terceiros. Pois bem, ruídos de normalidade, torneiras, interruptores, passos, torradeiras, enfim, os sons do acordar matinal resultam de rotinas e movimentos necessários à vida de cada um. Por isso não há que embirrar com o vizinho que toma duche mais cedo, porque o seu horário de trabalho é diferente!

Todavia, calçar os sapatos com tacão de madeira e andar pela casa a martelar o chão já não é adequado! Bem como ter uma criança a aprender um instrumento e que toca repetida e por longas horas o mesmo trecho…

Também não é adequado aspirar de madrugada ou correr na passadeira que é ruidosa por natureza, causando impacto em redor.

Muitos Condomínios têm nos seus regulamentos as regras e horários quanto a ruído, mas independentemente das regras, o critério do bom senso, impõe-se.

Da mesma forma, que se tem de respeitar o outro e adoptar comportamentos de sociabilidade e cuidado, por forma a respeitar os outros e evitar-lhes incómodos, também se não pode inventar e queixar por tudo e por nada.

De facto, há que descobrir de onde vêm os ruídos, de modo a não fazer queixas do vizinho errado e causar-lhe outro tipo de perturbação, como seja acordar com a Polícia à porta porque alguém se queixou!

As queixas vazias de conteúdo podem constituir assédio e também violação do direito ao repouso e à liberdade individual.

Visto que, quando por causa de um vizinho conflituoso que chama a Polícia várias vezes por semana, já só se anda descalço em casa, já não se reúne a família ou lava a loiça depois do jantar com medo de queixas, está a limitar-se e constranger a vida do outro.

Assim, há que evitar ruídos desnecessários, desadequados ou especialmente perturbadores (ainda bem que as crianças já não brincam com berlindes), e os mais sensíveis ou com sono mais leve, têm de aderir aos tampões dos ouvidos!

Última edição

Opinião