Das Notícias e do Direito
O apagão, e agora?
5 de maio de 2025
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Preparava-me para iniciar este texto quando aconteceu o apagão.
Desligou-se tudo, menos o computador que tem bateria, disparou o alarme, ficamos sem telefones e sem rede.
O que fazer?
Ficamos perdidos e desasados com estes acontecimentos. No escritório pouco se pode fazer sem luz e sem net. Não se consultam processos, não se fazem pesquisas, não se consegue imprimir fotocopiar, nada!
A minha sobrinha diz que na escola todos almoçaram a comida fria, pois sem luz não há micro-ondas.
Vi passar o Senhor do 5º andar há pouco. Tem quase 90 anos e deve estar derreado de subir os Himalaias em que se tornaram as escadas do prédio sem elevador.
Muitos ficam sem água e sem poderem sequer cozinhar, pois têm tudo eléctrico.
Isto recorda-me outros tempos.
No início dos anos 80 houve cheias. Ficámos vários dias sem luz. Os meus Pais salvaram o conteúdo da arca, indo colocar os congelados a casa de uns primos. Entretanto no prédio só cheirava a comida, pois para evitar que se estragasse os vizinhos cozinharam tudo quanto tinham congelado. Estivemos dias à luz das velas e dos candeeiros a petróleo. Os modernos tinham petromax!
Também nos anos 80, com os perigos e ameaças do nuclear, a ficção desenvolveu romances vários que descreviam o dia seguinte à explosão da bomba nuclear. Os sobreviventes, as improvisações, as adaptações, o sobrevivencialismo, o desconhecimento do que teria sucedido aos familiares e amigos, enfim, sem luz, sem comunicações e sem água potável.
Não sei quanto tempo vai durar.
Aqui no escritório, a Assistente foi fazer arquivo, tarefa que se consegue fazer sem electricidade!
Enquanto as baterias durarem podemos produzir alguma coisa, mas sem net não acedemos às plataformas e não podemos submeter nada.
Aquecer o almoço, bem para quem tiver gás pode regressar ao método do banho maria…
Se isto não se despacha, acho que vou para casa, apanhar sol e ler um livro, afinal sempre se dá proveito ao dia.
Entretanto circulam teorias e brincadeiras diversas sobre o apagão geral.
Vivemos tempos difíceis.
Pululam líderes acéfalos, ignorantes quanto à divisão de poderes, perigosos e subvalorizados.
Chorou-se a partida de um Homem bom, louvou-se o carácter, a dignidade e o pontificado de um Homem bom.
E o que trouxe cada um para si? O que melhorou, o que decidiu melhorar? O que vai fazer.
Palavras e boas intenções leva-as o vento.
Usemos os apagões, os reais e os metafóricos, para mudar algo, para lograr crescer e melhorar, para encontrar a luz.
Talvez assim seja possível encontrar mais Homens Bons.
Ansiemos!
(e agora vou guardar o texto, e esperar poder mandá-lo por mail brevemente)