Das Notícias e do Direito
A Estrada da Beira e a beira da estrada
6 de fevereiro de 2023
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Comummente assistimos à utilização de palavreado jurídico de forma absolutamente errada.
Comum se tornou também misturar assuntos.
Veja-se: custos das jornadas mundiais da juventude/as casas que se construíam; greve dos professores e auxiliares de educação/perda de emprego dos encarregados de educação.
Ora, e note-se no meu registo de interesses que não trabalho para qualquer sindicato de professores ou de auxiliares de educação, para a Igreja ou qualquer dos municípios envolvidos.
Agora, faltam 6 meses para as Jornadas Mundiais da Juventude, espera-se, pelo menos, um milhão de jovens, centenas de jornalistas e os olhos do Mundo estarão em Lisboa. E então, monta-se uma tenda? Estica-se um toldo?
Obviamente vai-se gastar muito dinheiro público! E bem!
Não se lembram da Expo? Parque de contentores, de fábricas e indústrias de elevada poluição e contaminação.
Gastou-se muito! Pois foi, e valeu a pena!
Também aqui, no espaço da realização das JMJ se vai ganhar um espaço para a população que antes não existia. Quem sabe, um novo espaço de eventos.
Tudo custa dinheiro. Prazos curtos e mau planeamento custam mais. E agora, o que se faz?
Não podemos, apesar das dificuldades, querer ser o remediadinho que não deixa de receber, mas em cuja casa se come pouco e mal!
Enfim, muitos destas pseudo poupanças ora pretendidas, deviam ter guiado a candidatura e a sua decisão, não a execução rápida com que se deparam os responsáveis.
Por mim gosto que o nosso país seja visitado, mais ainda por jovens, que irão depois mostrar fotos, pesquisar e garantidamente muitos voltarão em família, dando o inerente retorno a Portugal, com o turismo, o consumo, as viagens. Daqui também surgem empresas e empregos, é todo um girar, um turbilhão.
Para ganhar também é preciso investir, e estas são contas evidentes que devem ser explicadas, para que o cidadão as possa compreender e apreender.
Enfim, o mesmo se diga da greve dos Professores. São dos Profissionais que deviam estar no topo das preocupações dos sucessivos governos.
Ganham pouco, vivem muito mal. Passam anos com a casa às costas, têm dificuldade em constituir família ante a total precariedade.
Sofrem no fim de Agosto, choram e amanhecem a 1 de Setembro na fila do Centro de Emprego para obterem o subsidio.
Os Professores são responsáveis pelas aprendizagens dos nossos filhos, pelo estímulo, pela progressão e pela autoestima de muitos. São quem detecta e identifica muitas situações de perigo, quem chama as autoridades e põe em movimento toda a estrutura de apoio e os mecanismos judiciais.
E vivem mal, muito mal.
E trabalham muito.
E são desrespeitados. Pelos Pais, pelos Alunos, pelas entidades oficiais.
E são esmagados por uma infindável sucessão de trâmites burocráticos que têm de cumprir, preenchendo dúzias de papeis e formulários, inserindo dados em plataformas, em sites, enfim, múltiplas tarefas administrativas.
E, como são professores, cabe-lhes, ainda, preparar aulas, dar aulas, elaborar e corrigir testes.
E os do Continente continuam sem ver contados todos os anos de serviço.
Parece pouco? Pois eu acho uma vergonha que se não elevem os professores à categoria dos profissionais essenciais e das pessoas mais importantes de um país.
Aí se vê o índice de maturidade de um pais, de uma democracia.
Pelo respeito que nos merecem os Professores, os alunos e o conceito de aprender, não pela estatística de resultados escolares positivos ou de rankings falseados.
Eu respeito os professores, tive muitos inesquecíveis e que me marcaram muitíssimo.
Que não lhes falte a coragem para continuarem a ensinar. E para fazerem greve também!
Aliás, se a greve não tiver impacto na vida dos outros, não pressiona quem de direito a negociar. Assim é transversalmente…
Saúde e Paz