Fora do Carreiro
Bucelas: pior que deixar morrer, é suicidar!
4 de fevereiro de 2024
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O conhecimento humano e o recurso informado às ciências sociais, em articulação com objectivos políticos sãos, permitem a adopção de diferentes estratégias para o progresso dos territórios e melhorar os índices de desenvolvimento humano das populações abrangidas.
Não são razões de circunstância que motivam esta reflexão, mas antes uma perspectiva antiga que se tem sobre a denominada zona rural de Loures, em especial, sobre Bucelas, designadamente, a absoluta necessidade de ser estudado e implementado um plano estratégico que respeite a vocação do território e das suas gentes, que considere incontornavelmente a região vinícola, que abra sustentadamente a oportunidade da afirmação da marca “Bucelas”, com o estímulo orientado ao regresso da boa gastronomia, com impulso hoteleiro e turístico, com a defesa de uma agricultura saudável e sustentável, com a mobilização e divulgação da cultura saloia e do artesanato, com a qualificação urbana e a resposta habitacional equilibrada, com o incremento da educação, do desporto e do ambiente como factores centrais no bem-estar dos bucelenses.
Evidentemente, a aposta pode ser outra qualquer, como tantas que se vêem por aí, que não obrigam a pensar nada, a não debater nada e a não gastar recursos nenhuns (aparentemente) como seja deixar que se instale um urbanismo caótico e tudo siga sem rumo nem propósito. Seria muito interessante, saber que visão, que propósitos, que objectivos têm os actuais autarcas, quer da Junta de Freguesia, quer da Câmara Municipal.
Aliás, ao que nos é dado a ver, a tarefa será cada vez mais delicada com a instalação selvática de parques ilegais de contentores, a degradação alarmante da rede viária e dos caminhos rurais, sem rasto nem notícia da “Variante a Bucelas” a decadência confrangedora da restauração que era motivo de atracção à freguesia, o “abandono” do passadiço Bucelas-Bemposta, a falta de estímulos e estratégias para a “Capital do Arinto”, nenhuma aposta em rumo turístico ou qualquer outro que não seja uma espécie de preocupante “deus dará”.
Depois de investimentos públicos feitos – ainda que sem a perspectiva estratégica que se defende - que vão da ETAR ao Museu do Vinho e da Vinha, da remodelação do Largo Espírito Santo à investigação arqueológica do antigo Cemitério (que evidenciou vestígios da época romana que se devia valorizar); do passadiço Bucelas-Bemposta ao novo quartel dos Bombeiros, desprezar o que se alcançou não é apenas deixar morrer, é suicidar a ambição legítima de Bucelas a um futuro promissor.