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Ricardo Andrade – Comissário de Bordo
Ricardo Andrade
Comissário de Bordo

Opinião de Ricardo Andrade

O novo “Caracol Saloio”!

6 de junho de 2022
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Como em todo o país, também em Loures, os meses sem “r” são meses em que “ o Caracol é Rei” !
Só que em Loures esta iguaria assume um lugar muito mais destacado do que em outros pontos do país. Arriscaria mesmo a dizer que no nosso Concelho o gastrópode tira o protagonismo a tudo o resto sem que haja concorrência alguma que se chegue sequer perto.
Até agora, para um lourense... tudo normal.
Como normal é a continuidade da “ Rota do Caracol Saloio” que decorre de 01 de Junho a 31 de Julho e onde vinte um restaurantes espalhados por seis Freguesias fazem parte desta mostra que disponibiliza esta iguaria em destaque absoluto ganhando a muitos dos petiscos lourenses e nacionais.
Sim... além do afamado “ Festival do Caracol Saloio”,e dos seus dezoito dias de duração ( de 30 de Junho a 17 de Julho ), esta rota faz brilhar durante dois meses a casca deste petisco ímpar dando a oportunidade que, um pouco por todo o Concelho, todos possam desfrutar dos mil e um sabores dos gastrópodes sempre respeitando a tradição saloia.
Só que este ano algo mudou, algo de novo surgiu, algo de que muitas vezes se falava mas que teimava em não ter um seguimento. E não... não falo das já costumeiras manifestações anti-festival promovidas por movimentos que tentam impôr as suas opiniões sectárias à tradição do consumo do caracol.
Este ano o “ Festival do Caracol Saloio” muda de casa e sai do centro de Loures e de dentro de uma tenda para o Parque Verde do Loureshopping explorando um conceito inovador relativamente à tradição na nossa terra. Este ano as portas e todo o festival abrem-se aos lourenses e aos milhares que nos visitam para degustar caracol, agora num formato aparentemente mais arejado e explorando o convívio com uma natureza tão essencial para a qualidade de vida no nosso Concelho e para o usufruto da biodiversidade existente na nossa terra saloia.
Como qualquer mudança, também esta alteração de registo criou algum “bruá” e provocou reacções de repúdio por parte de alguns sectores das população lourense. Críticas de um desvirtuar do certame ou até mesmo de um desvalorizar do centro de Loures e de um ataque à promoção do comércio local foram o mote para uma polémica, penso que espúria, durante alguns dias.
Confesso que neste debate me encontro claramente do lado da opção de mudança lembrando sempre que o Festival do Caracol não começou no local onde se realizou nos últimos anos e que muito já caminhou desde que surgiu um dia com uma dimensão reduzida nas traseiras da Câmara Municipal de Loures. Admito que sou um fã de tudo o que, com cabeça tronco e membros, possa ajudar a continuar a fazer crescer este evento essencial para a promoção deste Concelho tantas vezes colocado no final do pelotão dos eventos turísticos na área metropolitana de Lisboa.
Mas também admito que acho que esta mudança de paradigma ou o assumir de uma nova etapa merecia mais destaque e mais promoção. Penso que seria essencial uma estratégia de divulgação mediática mais agressiva e com maior dimensão do que a possível apenas com os humildes e muito esforçados meios da Câmara Municipal e do seu Departamento do Turismo pleno de qualidade dos seus técnicos e dirigentes.
Se mudamos desta forma um conceito adaptando-o não só a um tempo novo mas também a uma realidade pós-covid, então porque não ir ainda mais longe e fazer com que todo o país ponha ainda mais os olhos em nós?
Porque não potenciar, em grande, toda uma história que fez o caracol saloio correr mundo?
Porque não aproveitar a retoma do turismo e fazer com que todos quantos chegam a Portugal sejam seduzidos por este evento ímpar desde o momento em que dão à costa lisboeta?
Porque não estabelecer protocolos para promover de uma forma nunca antes vista o Caracol Saloio e fazer dele o centro de uma estratégia de valorização do turismo lourense?
Não quero com isto desmerecer o fantástico que é este que, quero acreditar, é um novo marco na história do “ Festival do Caracol Saloio” mas apenas e só demonstrar que podemos sempre fazer mais e podemos sempre ser mais arrojados ainda que já estejamos a dar passos firmes e seguros para a evolução.
Sim, acredito que o futuro do festival pode ser risonho depois desta tomada de decisão. Sim, julgo que talvez nada seja igual depois desta mudança de casa. E também confio que haja, no futuro, uma nova abordagem que passe não apenas por mudar de local dentro de Loures mas também de criar a semente que possa fazer com que nasça um conceito de “ Festival do Caracol Saloio” onde todo o Concelho faça, não apenas parte da “ Rota do Caracol Saloio”, mas também tenha vários pontos de realização em simultâneo deste certame espalhados por uma terra que um dia viu nascer pequeno algo que, ano após anos, caminha para a grandiosidade já muito merecida.
Porque não assumir que o sonho comanda a vida e que podemos ter um verdadeiro e novo Caracol Saloio onde conseguimos explorar todas as diferenças sociais e diversidades de localização geográfica da nossa terra onde o Norte e o Oriente nem sempre conseguem atravessar uma serra para se tocarem verdadeiramente?
Porque não ter a coragem de aproveitar o gastrópode para unir uma terra tantas vezes separada por minudências e mini preconceitos históricos?
Porque não levar o Caracol a todo o Concelho e ao mundo?
Um dia... quem sabe um dia... conseguiremos dar mais um passo e continuar um caminho que, acredito, hoje esteja apenas a começar.

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