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Ricardo Andrade – Comissário de Bordo
Ricardo Andrade
Comissário de Bordo

Opinião de Ricardo Andrade

Eleições em Janeiro

9 de janeiro de 2022
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Sempre que escrevemos algumas linhas por altura de Janeiro a tendência normal é a de fazer uma retrospectiva do ano que terminou ou então a de manifestar os desejos de um ano vindouro.

Essa previsibilidade decorre, naturalmente, da nossa vontade de análise do que passou ou de depositar esperança no que vem para o futuro.

Desta vez não falarei em desejos para 2022 mas gastarei algumas linhas falando do início deste ano e em especial do acto eleitoral que se avizinha... as Eleições Legislativas de 30 de Janeiro.

Estas eleições, carregadas de incertezas recentes quanto a quem pode vencer, plenas de expectativas por parte dos maiores Partidos no espectro nacional, serão também um momento de afirmação por parte dos mais jovens Partidos da nossa democracia bem como um teste à cultura democrática dos nossos eleitos e dos nossos eleitores.

Este teste de que falo começa já no início de Janeiro com a realização do primeiro debate a 2 de Janeiro do primeiro de 36 debates televisivos que irão ter lugar até dia 15 de Janeiro e onde participarão 9 forças politicas.

Nunca na nossa democracia tivemos um processo eleitoral para as Eleições Legislativas com tanta diversidade e julgo que também nunca estivemos perante tantos debates em tão curto espaço de tempo.

Este desfilar de debates entre tantas forças partidárias é não apenas uma oportunidade para que sejamos esclarecidos quanto ao que pensam todas estas nove forças políticas e os seus maiores representantes mas também uma responsabilidade dos mesmos de procurarem combater alguns dos maiores inimigos destas eleições... o desencanto com a política, o desinteresse com os actos eleitorais e a desilusão dos eleitores relativamente aos protagonistas políticos.

Se é certo de que defendo que os culpados do afastamento dos eleitores não são apenas os eleitos, também julgo que o papel de quem se candidata deve ser o de procurar dar alento para que o cidadão normal não fuja das mesas de voto como o diabo da cruz.

Outro dos protagonistas essenciais deste tempo eleitoral é a comunicação social através da postura e da forma como fará não apenas a cobertura da campanha eleitoral mas também a condução dos debates e a escolha dos temas a serem debatidos.

Sinceramente, gostaria de escrever que acredito firmemente que estas eleições terão uma afluência massiva e que a abstenção será muito menor do que nas últimas. Mas não consigo. Mas não posso fazê-lo na medida em que, genuinamente, penso de que ainda não será desta vez que conseguiremos inverter a galopante subida do afastamento dos eleitores das urnas.

E é precisamente por ter essa descrença que gostava de ver uma Comissão Nacional de Eleições mais participativa e que não só apelasse mais ao voto como de ter uma CNE que tivesse um plano moderno e inovador para potenciar e incrementar a participação dos nossos concidadãos. Uma CNE mais corajosa e mais dinâmica que não se limitasse a gerir um processo eleitoral mas que fizesse destas eleições um ponto de viragem no seu modus operandi tradicional.

É então nestes vários players que estará o segredo da s eleições que teremos.

Aguardemos, façamos a nossa parte e tenhamos não a convicção plena mas, pelo menos, a esperança de que tenhamos todos aprendido com a história e que consigamos, em conjunto combater esse inimigo silencioso que é a abstenção.

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