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João Pedro Domingues – Professor
João Pedro Domingues
Professor

Opinião de João Pedro Domingues

Solidariedade, precisa-se

4 de agosto de 2020
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O momento que vivemos trouxe-nos novos desafios e maneiras de olhar o outro e o mundo completamente diferentes das que estávamos habituados no passado, mas todos devemos estar preocupados e procurar reinventarmo-nos para encarar o futuro de um modo mais positivo.

O modelo civilizacional atual coloca-nos grandes dúvidas quanto ao futuro. E porquê?
Uma sociedade tendente a privilegiar o individualismo como fator de progressão e valorização social ou a excessiva importância do sucesso pessoal, levanta-nos uma questão central que nos deve orientar para uma reflexão mais profunda:

Nesta sociedade que todos estivemos a construir e com a qual colaboramos, ainda haverá espaço para a solidariedade?

Apesar de no início deste século, perto de 200 nações proclamaram os objetivos a prosseguir, e dos quais podemos destacar, por exemplo, a erradicação da pobreza e da fome, a educação primária universal e a sustentabilidade ambiental, mas o que se conseguiu neste período de tempo? O que fizemos para alcançar esses objetivos?

A nossa sociedade continua orientada para o consumo. Hoje, os bens estão acessíveis a um cada vez mais vasto número de cidadãos. Porém, é igualmente crescente o número de pessoas por esse mundo fora, que não têm possibilidade de acesso aos mais básicos e elementares produtos para o seu bem estar e em muitos casos, para a sua sobrevivência.

É num contexto mundial onde o crescimento económico foi muito forte e a disponibilização de bens de consumo nunca tinha sido tão alargada, que agora, neste período de pandemia e pós pandemia, o qual se estenderá ainda não se sabe por quanto tempo, as assimetrias entre ricos e pobres e entre nações ditas ricas e pobres, será cada vez mais vincada.

O combate às assimetrias, através de ações concretas em domínios como a promoção da igualdade ou a erradicação da pobreza e da fome, e através de programas de desenvolvimento sustentável, têm de merecer toda a nossa atenção. Todos temos de ser convocados para este desiderato. Solidariedade é fundamental.

É uma responsabilidade de todos contribuírem decisivamente para uma sociedade melhor e mais solidária. E o Poder Central e muito especialmente as autarquias terão de ser peças fundamentais neste processo, reforçando os recursos e os meios para uma melhor e mais abrangente educação, permitindo o acesso de cada vez mais cidadãos a serviços básicos de saúde e promovendo a integração social das minorias.

Mais do que olhar para o desenvolvimento como a geração de bens para aumentar os índices de conforto dos cidadãos, temos de ser capazes de ver o desenvolvimento como o conjunto de garantias de acesso dos cidadãos aos meios que lhes permitam as oportunidades para a sua liberdade.

Sabemos que a transformação de uma sociedade não se consegue através de facilitismos. Sabemos também que para mudar devemos convocar as novas gerações para os novos desafios.

Para mudar, a sociedade onde vivemos tem de se confrontar consigo própria.

Se me perguntarem se hoje ainda há espaço para a solidariedade, penso que sim, que havendo vontade existe todo o espaço que quisermos.

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