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João Pedro Domingues – Professor
João Pedro Domingues
Professor

Opinião de João Pedro Domingues

Loures e as Jornadas

6 de fevereiro de 2023
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A zona oriental do concelho de Loures, em especial Sacavém, Bobadela, São João da Talha e Santa Iria de Azóia, há muito que não tinham, e reclamavam insistentemente, a ligação à frente ribeirinha, ao invés do que acontece em Lisboa, em especial o Parque das Nações.
Uma barreira de contentores, com seis pisos de altura, quebrava totalmente a vista do rio e, mais importante ainda, a plena fruição por parte da população daquela área do território.
Os vários Governos foram sempre autistas na resolução, ou tentativa de resolução desta questão, apesar dos vários pedidos e reclamações da população.
E Loures já se tinha visto espoliada da zona de Beirolas e, mais tarde, da do Parque das Nações, que passou a integrar o concelho de Lisboa, ficando, assim, privada da sua parte requalificada com acesso ao Tejo.
Mas, eis que surge a deslocação de Sua Santidade o Papa, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude.
E opera-se o milagre: o Governo declara que os contentores terão de sair daquele local, mesmo que faseadamente, e toda essa área irá ser entregue ao Município de Loures.
Assim, temos de agradecer ao Papa e à Jornada esta fantástica notícia.
Mas, nem tudo serão rosas.
Em eventos anteriores, em especial os últimos de Madrid, Rio de Janeiro, Cracóvia e Panamá, os locais escolhidos para acolher este evento, que mobiliza muitos milhares de peregrinos, estavam já devidamente infraestruturados. No caso português, tal não aconteceu.
Poder-se-ia dizer que deveria ter sido escolhido outro local. É verdade. Mas, se assim fosse, a zona ribeirinha de Loures, iria manter-se com os malfadados contentores e 80 mil pessoas continuariam impossibilitadas de usufruir daquele espaço.
Para a preparação da Jornada foi assinado um Memorando de Entendimento entre a Igreja, Governo e as Câmaras de Loures e Lisboa, onde ficou estabelecido que Loures teria, para si, um esforço de cerca de 10 milhões de euros.
Não falarei dos valores a cargo do Governo (36,5 milhões) e de Lisboa (35 milhões), mas sempre direi que a Igreja não participa neste esforço muito significativo por parte das autarquias.
E deveria fazê-lo? Eu penso que sim. Deveria mesmo!
No caso de Loures, as obras necessárias serão essencialmente de limpeza e modelação do terreno, o plano de drenagem, as passagens hidráulicas e os acessos.
Já o passadiço que está a ser executado e que estará concluído nessa altura da Jornada (de 1 a 6 de agosto), não ficará acessível para este evento, por questões óbvias (prevê-se cerca de milhão e meio de pessoas).
O importante nesta situação, e que importa agora ressalvar, é o que ocorrerá no pós Jornada. Aquele espaço de cerca de 70 hectares aproveitará muito do que está a ser feito na preparação do terreno para a Jornada.
Ricardo Leão tem referido insistentemente que aquela fantástica área irá ser dotada de zonas de restauração, espaços para eventos musicais ou outros de grande envergadura, e para a prática de desporto formal e informal.
Enfim, finalmente toda aquela zona oriental de Loures irá poder usufrui em pleno do seu rio, realizando um sonho antigo e que já se julgava impossível.
Mas o milagre aconteceu.
Bem-vindo, Papa Francisco!

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