Opinião de João Pedro Domingues
Férias no Algarve
1 de setembro de 2023
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Terminei, como grande parte dos portugueses, o meu período de férias da época estival. E, como parte da população lusa, escolhi o Algarve como destino de verão. Sol, praia, boa comida e a simpatia natural dos portugueses fazem com que Portugal, e esta zona do país em particular, continuem a granjear elogios e prémios internacionais.
O turismo em Portugal continua em crescimento, tem recuperado a sua pujança pré-período pandémico, e está em franca retoma.
Paradoxalmente, apesar de o turismo em termos nacionais ter crescido, o Algarve aparece como a única região do país que ainda não conseguiu igualar os números de 2019, que foi o melhor ano em termos de atividade turística.
Esta dificuldade no crescimento deve-se essencialmente ao turismo de portugueses, que optaram por outras soluções, internas ou externas, sobretudo por causa da inflação e da subida das taxas de juro, fatores que têm tido muita influência na qualidade de vida da população.
E como se pretendeu resolver esta situação no Algarve? Da forma mais fácil: com o aumento dos preços.
Tentar compensar a redução das dormidas dos nacionais, com o aumento dos preços médios praticados, não me parece uma solução equilibrada. Não entendo que seja um bom método para captar o turismo nacional.
Não nos devemos esquecer que o record do turismo em 2019 se deveu em grande parte ao turismo nacional. E não fiquei convencido com a argumentação de que o aumento dos preços na região significa que se está a apostar no aumento da qualidade da oferta, e que esta se deve refletir, como é lógico, no preço praticado.
Não me parece que esteja a ser assim.
Muitos portugueses, que conheço, optaram por fazer férias em zonas balneares de Espanha, bem perto de Vila Real de Santo António, que tem preços muito mais atrativos.
E, com esta política, podemos começar a correr o risco de o turista nacional voltar a optar por mercados antigos como a Turquia, Grécia e norte de Africa, ou por outros mercados emergentes como é o caso da Albânia.
O Algarve deve refletir sobre se esta política de aumento de preços será a melhor forma de voltar a seduzir o turista nacional, e repor a velha máxima do faça turismo cá dentro.