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João Pedro Domingues – Professor
João Pedro Domingues
Professor

Opinião de João Pedro Domingues

A caminho da extinção?...

8 de julho de 2024
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Quando, em 2022, Jerónimo de Sousa apresentou a sua resignação ao cargo de secretário-geral do PCP, e se anunciava a sua substituição por um “jovem” de 46 anos - Paulo Raimundo, um ilustre desconhecido - queria acreditar que se aproximava o rejuvenescimento de uma organização, que há muito definhava, com um discurso bafiento e ultrapassado, que não acompanha o ritmo da sociedade em que está inserido.
Os Partidos Comunistas tradicionais têm desaparecido por essa Europa fora, mas o PCP tem persistido, ou tenta persistir, em Portugal, do mesmo modo que há 50 anos. A substituição do secretário-geral poderia ser o início de uma viragem, com novos intervenientes e com um renovado discurso, apresentando novas soluções para os problemas atuais.
Mas ser novo na idade não significa ser novo de espírito, e aberto a novas ideias e novas soluções. Pode ser-se velho nas ideias, apesar de se ser novo na idade. E, é isso, que acontece com o PCP. Infelizmente.
Já falei, neste espaço, da posição inicial dos comunistas no que se refere à invasão russa da Ucrânia, e em que estes, com desfaçatez, culpam a NATO, a União Europeia e os Estados Unidos pela invasão, justificando desta forma a guerra absurda que se desenrola.
Mas esta nova direção poderia, já em finais de 2023, dar um sinal de alguma mudança. Mas não. O Parlamento aprovou um voto de condenação pela realização de eleições “livres” nos territórios ocupados pela Federação Russa, leia-se o invasor, e, pasme-se, o PCP absteve-se, com a argumentação de que o referido voto, mais do que contribuir para uma solução política, antes procurava animar a guerra e quem com ela lucra.
E, com este tipo de discursos herméticos, muito fechados, inconcebíveis, nas últimas legislativas, o PCP, com a sua eterna coligação, lá perdeu metade dos deputados que tinha. E, pela primeira vez em 50 anos, aquele que tinha sido durante décadas um bastião comunista - o Alentejo - não elegeu nenhum deputado comunista.
Perdeu, em termos nacionais, 36 mil votos em relação a 2022 e ficou somente com 4 deputados. Mas, quando tudo corre mal, por culpa própria, tudo pode correr ainda pior. Vieram as eleições europeias, e mais um revés. Desceu de 6,9% para 4,1%, elegeu só um deputado e passou de 4ª para a 6ª força política mais votada.
Falhou igualmente a eleição para as Assembleias Regionais da Madeira e dos Açores. Foram três revezes eleitorais num só ano. É obra, e deveria ter uma ampla reflexão.
Claro que o comunista já nos habituou às análises que faz. E, quando é afirmado que o secretário-geral está muito confiante e satisfeito com os resultados que obtiveram nas europeias, e que é possível, mesmo num quadro muito difícil, ultrapassar as dificuldades, que há espaço para alargar e para confiar, percebemos que algo está muito mal no seio do comunismo português.
Qualquer que seja o resultado, o PCP tem sempre uma vitória. Fica amplamente reconhecido que, após a saída de Jerónimo de Sousa, Paulo Raimundo não consegue, por inabilidade, por falta de carisma e por persistir num discurso tipo cassete, inverter a trajetória negativa que os comunistas têm sofrido desde 2019.
No concelho de Loures, nas legislativas, a CDU obteve 6.352 votos e, nas europeias, registou 5.027 votos, sendo a quinta força política mais votada.
Em termos autárquicos, em Loures, a CDU funciona como o Velho do Restelo, sempre com um discurso pessimista, alarmista, criticando sempre tudo, acreditando que só eles têm a força da razão, as melhores soluções e são os únicos a defender os trabalhadores e a população em geral.
Não conseguem perceber, por puro autismo, que já ninguém acredita nisso. Os mitos de pé de barro já não existem. Um banho de humildade e de realismo aconselha-se.
Porque, se não, de derrota em derrota, a eventual extinção (talvez esteja a exagerar), será o desfecho final.
O que é pena, digo eu.

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