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João Alexandre – Músico e Autor
João Alexandre
Músico e Autor

Ninho de Cucos

Tennis - Face Down In The Garden

5 de maio de 2025
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A dupla indie pop Tennis, formada por marido e mulher no ano de 2010 em Denver (Colorado – EUA), mistura a melancolia pop dos anos 1950 com o soft rock dos anos 70, num estilo sofisticado / elegante, a condizer com as viagens de barco que os inspiram.
Foi precisamente durante uma excursão de 7 meses no mar que a banda Tennis desenvolveu muitos dos temas que integram o álbum estreia “Cape Dory”, de 2011.
Após essa longa jornada, o casal, Patrick Riley nas guitarras e teclados e Alaina Moore na voz e também teclas, poliram e consumaram as ideias exploradas na costa leste Atlântica.
15 anos passados na carreira e eis-nos perante o 7º álbum de originais "Face Down in the Garden", acabado de lançar.
Curiosamente os Tennis, ao mesmo tempo que lançam “Face Down in the Garden”, anunciam que este será o seu último trabalho e que encerrarão atividade de seguida, uma vez que o duo já o havia acordado: “…preferimos escolher o nosso fim, a enfrentar um final forçado.” E que saída em grande estilo, assistimos aqui!
No seu pop adulto e cativante, a banda controla o ritmo midtempo, envolvendo o conforto da voz de Alaina Moore em texturas suaves e fumegantes dos anos 70, mas também modernas o suficiente para se manterem próximas do mainstream.
Moore e Patrick Riley no fundo, sempre oscilaram nestas linhas, mas desta feita de forma bem mais convicta que não deixa margem para dúvidas sobre a eficácia de tal encaixe na natureza clássica das músicas e vozes.
Para completar, as músicas são carregadas de uma emoção densa e real como no exemplo marcante "At the Wedding", que combina uma melodia suave, letras arrancadas da realidade e acordes de piano que perseguem a linha vocal num bonito jogo de sedução onde o instrumental nos remete para os franceses Air.
Outros exemplos como a calma dramática de "12 Blown Tires", de “Weigh of Desire”, ou de "I Can Only Describe You" são a prova do esforço do duo em suavizar e embelezar tristeza e tédio do quotidiano.
“Queríamo-nos destacar fazendo o inesperado, compensando melodias intuitivas com arranjos inusitados, para fazer música que soasse familiar, mas resistisse às convenções“, afirmou Alaina Moore que revela uma energia nas palavras que não se coaduna para quem anuncia o fim de uma banda: “Apesar de ter sido abalado por um ano estranho, esse é o nosso álbum mais confiante. Estamos muito animados para que o escutem, de preferência em alto volume…”
Vamos a isso?!

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