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Opinião
Filipe Esménio – Director
Filipe Esménio
Director

Mel de Cicuta

Entre o que é sério e o que é mesmo importante

9 de junho de 2025
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Partiu Eduardo Gameiro. E com ele levou-se um pedaço da alma cultural da região. Nascido em Sacavém, Gameiro foi muito mais do que um autor ou investigador: foi uma memória viva do concelho, um guardião da identidade local. Deixou livros, deixou ideias, deixou memória. O que já não deixou — e isso lamentamos — foi o seu acervo em Loures. Rumou a Torres Vedras, e nós, que tanto valorizamos a cultura, ficámos a vê-lo partir como quem vê o último autocarro ao longe. Fica o consolo de saber que o Notícias de Loures teve o bom senso e a justiça de lhe atribuir um Prémio Carreira… em vida. Não esperámos por homenagens póstumas. Fizemos a tempo, e com gosto.
Nas legislativas, Loures voltou a mostrar que tem personalidade própria. O país virou à direita, mas por cá o PS manteve-se firme. Sinal de que a estratégia de Ricardo Leão, marcada pela proximidade com os cidadãos e um estilo próprio de governação, continua a surtir efeito. No fundo, enquanto o PS nacional cambaleava, Loures dizia: “Calma, nós estamos bem, obrigado”. Não deixa de ser curioso — e, para alguns, até surpreendente — ver que, mesmo com maré contrária, quem tem rumo colhe resultados.
Fazendo o nosso próprio mea culpa, é justo corrigir uma informação da edição anterior: Loures não tem cinco corporações de bombeiros. Tem sete. Sete verdadeiras forças vivas que apagam fogos, salvam vidas e enfrentam tempestades... às vezes até mais do que muitos ministros. São elas: Bucelas, Camarate, Fanhões, Loures, Moscavide‑Portela, Sacavém e Zambujal. Todas merecem o nosso respeito, o nosso apoio e o nosso reconhecimento diário — não apenas quando o fumo se levanta.
E porque rir também é preciso, deixemos uma nota mais séria: a imprensa livre — aquela que não vive de algoritmos nem de likes pagos — continua a ser uma espécie em vias de extinção. Muitos desvalorizam, outros ignoram, mas a verdade é esta: sem jornalismo local, as comunidades perdem voz, perdem espelho, perdem memória. E não há redes sociais que substituam isso.

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