Bucelas
Greve dos trabalhadores da Plural termina com acordo
5 de fevereiro de 2019
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O mês de dezembro foi agitado para os lados dos estúdios da produtora da Media Capital, em Bucelas. Novelas da TVI estiveram em risco, mas administração e trabalhadores chegaram a acordo antes do Natal. Em causa, horários diários superiores a 11 horas, falta de segurança e precariedade generalizada.
Os trabalhadores dos estúdios de Bucelas do Grupo Plural Entertaiment, produtora da Media Capital responsável pela grande maioria das telenovelas da TVI, encetaram uma greve parcial que durou grande parte do mês de dezembro. Em causa esteve a situação laboral precária de centenas de trabalhadores daquela produtora, incluindo horários de trabalho superiores a 11 horas diárias, funcionários sem aumentos há mais de oito anos, falta de condições de segurança e falta de circulação de ar nos espaços fechados, entre outros. Os trabalhadores reivindicavam ainda a integração nos quadros de trabalhadores, o fim dos falsos recibos verdes e da contratação de trabalhadores em regime de outsourcing.
A greve teve início no dia 3 de dezembro e estendeu-se até dia 10 do mesmo mês, implicando a paragem de todas as equipas envolvidas nas produções televisivas após oito horas de trabalho. Entre outras, foi afetada a produção das telenovelas "Valor da Vida" e "A Teia", atualmente em exibição na TVI.
No último dia de greve, os trabalhadores decidiram avançar com nova greve, depois de a administração ter abandonado as negociações. Entretanto, a administração manifestou abertura para regressar às negociações, o que levou os trabalhadores a levantarem o pré-aviso de greve, marcada para 18 a 31 de dezembro.
O piquete de greve, que se manteve à porta das instalações da Plural, em Bucelas, recebeu visitas de solidariedade de representantes do PCP e até da coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins. Com experiência profissional na área do espetáculo, a coordenadora bloquista alertou, na ocasião, para o facto de muitos trabalhadores constituírem “falsos recibos verdes, ou serem obrigados a constituírem-se em empresas unipessoais, outros estão contratados através de outsourcing e é-lhes negada uma carreira contributiva, chegando a ter de trabalhar 12 horas seguidas”. Catarina Martins disse ainda que esta situação “não é aceitável” e que “é muito importante a luta que está a acontecer na Plural”.
Acordo antes do Natal
No dia 17 de dezembro, o último antes da realização da nova greve, a administração da Plural chegou a acordo com os trabalhadores para a redução de horários e aumentos salariais. De acordo com um comunicado do Sindicato dos Trabalhadores do Espetáculo, do Audiovisual e dos Músicos (CENA-STE), “os trabalhadores do Grupo Plural Entertainment (GPE) decidiram fechar acordo com a Administração depois de esta ter aproximado a sua proposta às suas reivindicações".
O acordo prevê “a redução gradual do horário máximo de trabalho, devolvendo quase 500 horas por ano aos trabalhadores”, assim como “aumentos salariais escalonados, beneficiando os trabalhadores com salários mais baixos”. Está ainda previsto “que, em 2019, as negociações continuem para que, em 2020 e anos seguintes, se continuem a recuperar direitos dos trabalhadores e se otimize a necessária reorganização da empresa, com o objetivo de atingir as oito horas de trabalho diário".
No acordo, fica também firmada a "garantia de que os trabalhadores freelancers não serão prejudicados pela sua intervenção sindical". No comunicado, o CENA-STE refere que partirá agora "para uma nova etapa, tanto na Plural como nas restantes empresas, com o objetivo final de alcançar regulamentação para todo o setor".