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Rui Pinheiro – Sociólogo
Rui Pinheiro
Sociólogo

Fora do Carreiro

Visão Táctica sobre uma Visão Estratégica

5 de setembro de 2020
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Segundo o sítio na internet do governo português, “A Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030, elaborada pelo Prof. António Costa Silva, constitui um documento enquadrador das opções e prioridades que deverão nortear a recuperação dos efeitos económicos adversos causados pela atual pandemia.“

E lá se diz que a Missão é “Criar condições para construir uma economia socialmente justa, digital, verde e competitiva, baseada num amplo consenso nacional, que possa contribuir para a criação de emprego e de bem-estar social, dando passos seguros para o desenvolvimento harmonioso do país, diminuindo as assimetrias económicas, sociais e do território”. Seguramente que nenhum documento de estratégia, fala de tudo, trata de tudo e, sobretudo, não poderá pôr todos os temas ao mesmo nível de importância e atenção, sob risco de não definir estratégia nenhuma, como é evidente.

Este não será nem o momento, nem o local, para escalpelizar e opinar sobre as contribuições de António Costa e Silva para o tal Plano de Recuperação Económica, mas considero ser o momento, por ainda ir a tempo, de considerar que uma “visão estratégica” para o nosso país, qualquer que ela seja, precisa incorporar incontornavelmente a esfera da comunicação.

Qualquer Plano, precisa ser comunicado, estimulado, informado, aos participantes, aos contribuintes, aos interessados. Não integrar esta vertente crucial é, do nosso ponto de vista, um erro significativo. Mas se não se considerar estratégica, que se considere táctica, a necessidade de o país, as instituições, as empresas, a Academia, os portugueses, comunicarem o seu desígnio que um Plano de Recuperação (repito) qualquer que ele seja, representa. A minha recomendação e visão táctica, é pois que, atempadamente, o país possa olhar para os instrumentos de comunicação pública que dispõe e verifique se são os adequados para a promoção interna e externa das suas qualidades e potencialidades, se têm o formato e conteúdos certos para interessar e mobilizar os portugueses em torno de um propósito nacional e comum, se são capazes de levar Portugal ao estrangeiro, às instituições internacionais que interessam e aos “mercados” que almejamos.

E que o país e os seus responsáveis políticos depois de olhar, ajam.

Parece-nos que a Televisão e a Rádio Públicas têm conteúdos, formatos e vontades internas para serem propulsores de informação, motivação, interesse, formação, educação e sentido colectivo para esse tal projecto comum ?

Parece-nos que estes instrumentos (TV e Rádio públicas), no nosso tempo, estruturantes na produção de sentido e de opinião para todas as coisas correntes do nosso dia-a-dia e da vida social, económica e política, podem ficar alheados, afastados ou até mesmo contradicentes com os rumos que o país adoptar?

Evidentemente, não se defende que os instrumentos de comunicação públicos sejam meras correias de transmissão de governos, mas não restam dúvidas que sendo públicos, têm de estar ao serviço do interesse geral e dos objectivos gerais do país. Não podem estar, como estão agora, ao serviço de visões particulares, de grupos de interesses e de grilhetas ideológicas. Não podem continuar a promover o que de mais desprezível existe no país e no mundo, a dizer mal de tudo e todos e apresentar uma ideia de país onde nada de bom acontece.

Este colunista escreve em concordância com o antigo acordo ortográfico.

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