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Opinião
Florbela Estevão – Arqueóloga e Museóloga
Florbela Estevão
Arqueóloga e Museóloga

Paisagens e Patrimónios

Rota Memorial do Convento, um projeto em curso

8 de maio de 2018
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Em dezembro de 2017 foi apresentado publicamente em Lisboa, na Fundação José Saramago, um inovador projeto cultural e turístico que alia a célebre obra “Memorial do Convento” do nosso Prémio Nobel José Saramago, a um território, à sua história, ao seu património.

Promovido pelos municípios de Lisboa, Loures e Mafra, resulta de uma candidatura ao Programa Operacional de Lisboa, que implicará um investimento aproximado de 400 mil euros. Este plano, em curso, deverá estar concretizado no final de 2019. Importa destacar a circunstância de ser uma realização que envolve várias parcerias locais e nacionais, fundamentais para o seu sucesso e sustentabilidade, entre as quais se destaca a Fundação José Saramago.

Este projeto pretende implementar um percurso, que irá unir Lisboa, Loures e Mafra, seguindo ao longo do Tejo, Trancão, e pela Estrada Real. A sua materialização consistirá na criação de um site dinâmico, e pela implementação, em locais selecionados, de uma sinalização informativa.

Embora a rota esteja estruturada em três centralidades - o Terreiro do Paço e a Casa dos Bicos; Santo Antão do Tojal; e o Palácio e Convento de Mafra - incluirá muitos outros pontos de interesse histórico, patrimonial e turístico, com o desígnio de se constituir como uma oferta atrativa ao nível da Área Metropolitana de Lisboa.

Em Loures, o trajeto irá integrar as localidades de Sacavém e Unhos, o Museu Municipal de Loures (antigo convento franciscano arrábido), a Biblioteca José Saramago (onde funcionará o centro de acolhimento ao visitante), a magnífica Praça Monumental de Santo Antão do Tojal, e ainda Fanhões, com a sua tradição de trabalhar a pedra. Trata-se, pois, de um roteiro que reúne paisagens diversas, incluindo rios, serras, lugares e caminhos da história contada por Saramago.

A construção do grandioso Palácio de Mafra e da legião de operários que a tornaram possível, as trabalhosas e pungentes condições de deslocação de matérias primas, o transporte das estátuas italianas de Santo Antão do Tojal até Mafra, a bênção dos sinos pelo Patriarca de Lisboa, as frequentes visitas de D. João V para acompanhar os progressos da sua grande obra, a navegabilidade do Trancão, vão ser alguns dos temas históricos a desenvolver.

Desta forma, os vários locais da nova rota convidarão os visitantes a uma viagem, simultaneamente real e imaginária, inspirada nas personagens e na narrativa de Saramago: a Blimunda de Jesus e o seu companheiro Baltasar Mateus, o padre e inventor Bartolomeu Lourenço de Gusmão e a sua fantástica máquina voadora, o rei D. João V e a sua corte, o músico italiano Domenico Scarlatti, entre muitas outras figuras históricas ou fictícias.

A singularidade deste projeto cultural e turístico reside, precisamente, na associação entre a literatura, o património e a história do século XVIII, época fulgente do barroco português.

Mas, a concretização da candidatura engloba, igualmente, um vasto programa cultural que já começou! Aqui, em Loures, neste primeiro fim de semana de maio, iniciou-se o Ciclo de Música Barroca!

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