Editorial
A Covid faz mal ao coração
5 de julho de 2020
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Segundo o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Ghebreyesus, "a realidade é que isto ainda está longe de acabar" (29/06/2020 @Reuters).
Andamos de máscara, em isolamento social, com recolhimento às 20h (não obrigatório género “vai para casa já” mas mais tipo “não andes a laurear a pevide se não for necessário”).
Jantares de amigos, só com com quem temos confiança e sabemos onde andou, não há beijinhos nem abraços.
Adubam-se as relações e os laços, tem-se mais bebés (no meu círculo mais próximo, atenção - sei que nem sempre é assim).
E solteiros? Como vou sorrir a um desconhecido na rua com uma máscara que me tapa até às olheiras? Como vou a jantares de amigos na esperança de conhecer alguém referenciado?
Não sou do género de ir à procura na internet, e se fosse, não me pareceria a coisa mais segura e responsável para fazer neste momento…
Como é que se des-isola o coração?
Já não era fácil conhecer pessoas antes do Covid, com os amigos todos casados e sem muitas oportunidades de convívio, e agora, até quando é que vamos ficar distantes, afastados, mascarados, desconfiados e confinados?
Não me parece que haverá o dia do decreto “a partir de hoje não mais haverá perigo de contágio de Covid-19”, temo antes pela chegada de novas estirpes do Covid 2.0, Covid Outono-Inverno e por aí adiante.
O Covid deixa mazelas, mas não está a ser preciso apanhar o vírus para ter algumas delas. Psicológicas, principalmente.
Em nome do vírus acaba com a tua sanidade mental, mas por amor de Deus, tu não te constipes!
Preocupa-me que este isolamento aumente com o frio, e sem ninguém que nos aqueça, é muito mais perigosa a frieza do coração.
Proteja-se!