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Joana Raubaud – Farmacêutica
Joana Raubaud
Farmacêutica

Opinião de Joana Roubaud

O Homem que Confundiu a Mulher com um Chapéu

5 de setembro de 2020
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O Sr. P. era professor de música. Há algum tempo que se deparava com alguns episódios tão estranhos quanto cómicos.

O Sr. P. via os rostos dos seus alunos nos sítios mais inusitados: nos candeeiros, nas bocas de incêndio, nos parquímetros. Chegava mesmo a falar com eles, ficando surpreendido por não ter resposta.

Revelava não ser capaz de interpretar os acontecimentos de uma cena de novela e nem sempre reconhecia os seus familiares em fotografias.

No entanto era perfeitamente capaz de reconhecer as figuras de um baralho de cartas, a imagem de Churchill ou do Snoopy.

Quando o Dr. Oliver Sacks lhe mostra uma luva e pede que lhe diga de que objeto se trata, o Sr. P. examina-a com detalhe e arrisca "parece um espécie de contentor (..) talvez para moedas diferentes".

Terminada a consulta, o Sr. P. despede-se do Dr. Oliver Sacks, procura o seu chapéu e agarra na cabeça da mulher para a levantar e pôr na cabeça.

Parece uma história, mas foi um caso real que acabou por dar nome a um dos livros de Oliver Sacks, médico neurologista.

Os quatro capítulos de "O Homem que confundiu a mulher com um Chapéu" separam casos incríveis de disfunções, hiperfunções, alterações da memória e deficiências mentais.

São exemplos os casos de Natasha que aos 90 anos se sentia estranhamente desinibida quando na realidade sofria de uma neurossífilis tardia, ou de um estudante que, após ter sonhado ser cão, reconhecia pessoas pelo farejo.

Setembro vai ser o mês de mergulhar na divulgação científica e nada melhor que começar por ler esta máquina misteriosa e fascinante que é o cérebro humano.

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