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Opinião de Joana Leitão

Levar ou não o cão à praia no verão?

4 de agosto de 2019
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Desde que os animais passaram a ter “direitos” ou melhor, desde que os detentores passaram a ter deveres, que aumentou o número de cães na praia. No entanto, nem todas os locais admitem a circulação e a permanência de animais na praia durante a época balnear que vai, habitualmente, de 1 de junho a 30 de setembro.

Com exceção da Praia do Coral em Viana do Castelo, da Praia do Portinho da Areia do Norte em Peniche e das Praias Suave Mar e da Ramalha Sul em Esposende, praias “dog friendly” que não só permitem a entrada de animais como possuem dispositivos para recolha de dejetos e pontos de água, as praias concessionadas não costumam permitir a circulação e permanência de animais. Já nas praias não concessionadas e, portanto, não vigiadas, só estão interditos animais caso exista sinalética e edital de proibição no local. A sua presença em praias não autorizadas pode ser objeto de contraordenação, cuja coima pode chegar aos 2.500 euros, embora não pareça que a Polícia Marítima ou qualquer outra procedam à fiscalização sem que haja denúncia.

Com o resto do ano para correr no areal, coloca-se a questão de saber se são ou não adequadas as idas à praia no verão. A verdade é que, o bem-estar do cão e o sossego das pessoas dependem muito do comportamento do animal e, consequentemente, do bom senso do seu detentor, que decidirá em conformidade. Ora, levar um cão à praia requer que o animal tenha sido ensinado a comportar-se e que o detentor saiba como o fazer, ou seja, treino. Requer que esteja socializado com pessoas e com outros animais. Requer, igualmente, sombra e água e, quem sabe, até biscoitos e brinquedos. Requer que tenha mais de seis meses e não tenha dificuldades de locomoção. E além de tudo isto, requer, ainda, trela. No fundo, os requisitos aconselháveis a passeios em qualquer lugar.

Temperaturas elevadas, desidratação, ingestão de água do mar e ferimentos nas patas causados por areia bem quente, podem originar idas imprevistas ao veterinário. E se por um lado é agradável ver os cães correr e brincar na areia, mesmo que com trela, por outro pode tornar-se um desassossego para as pessoas ser-lhes dada a liberdade desejável na época balnear.

Desagradável passa a ser vê-los ansiosos por estarem presos, por se afligirem com os banhos dos detentores, por serem forçados a entrar na água contra a vontade ou por se sentirem intimidados ou agredidos por outros.

Mais uma vez importa saber que não são bonecos e que, também eles, precisam de se adaptar, coisa que só acontecerá se os ensinarmos a integrar-se.

Trazê-los para a nossa vida requer dar-lhes espaço para se expressarem livremente, mas requer, também, respeito por todos os outros seres, incluindo os da espécie humana.

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